Esclerose lateral amiotrófica (ELA)

ELA pode ser genético?

Sim, a esclerose lateral amiotrófica (ELA) pode ter uma causa genética. Aproximadamente 5-10% dos casos de ELA são hereditários, sendo conhecida como ELA familiar. Esse tipo de ELA é causado por mutações em vários genes diferentes. A história familiar da doença, com outros parentes afetados, pode ser um indicativo importante de ELA de causa genética. Entretanto, mesmo os casos esporádicos, sem histórico familiar, podem ter causa genética (saiba mais).

Existem vários genes associados à ELA, e mutações em alguns desses genes podem aumentar significativamente o risco de desenvolver a doença. Os dois genes mais frequentemente associados à ELA genética são o SOD1 (superóxido dismutase 1) e o C9orf72 (gene da repetição hexanucleotídica), mas outros genes como TARDBP, FUS e OPTN também foram implicados.

A mutação no gene SOD1 foi a primeira a ser identificada e é responsável por parte expressiva dos casos de ELA familiar. Esta mutação provoca a produção de uma proteína anormal que causa danos aos neurônios motores, levando à degeneração progressiva que caracteriza a ELA. Já a mutação no gene C9orf72 é a mais comum em ELA familiar na Europa e América do Norte, e também pode causar demência frontotemporal em alguns pacientes.

É importante notar que a presença de uma mutação genética nem sempre garante o desenvolvimento da ELA, e outros fatores, como o gene específico afetado, ambiente, estilo de vida e interações genéticas complexas, podem desempenhar um papel significativo na manifestação da doença. A maioria dos casos de ELA ainda não têm uma causa genética clara identificável, embora estudos sugiram que fatores genéticos também possam influenciar a suscetibilidade de um indivíduo a desenvolver a doença.

O aconselhamento genético é útil para pessoas com ELA ou histórico familiar da doença, ajudando a compreender os riscos genéticos específicos e fornecendo informações sobre opções de teste genético e manejo da condição. Embora a ELA familiar represente uma minoria dos casos, a identificação das mutações genéticas responsáveis tem sido crucial para a pesquisa da doença. Esses avanços permitem uma melhor compreensão dos mecanismos moleculares subjacentes à ELA e estão conduzindo ao desenvolvimento de terapias direcionadas que visam as mutações genéticas específicas, oferecendo esperança para tratamentos mais eficazes no futuro.

Medicamento para ELA por mutação em SOD1

Tofersen é um medicamento em desenvolvimento destinado ao tratamento da esclerose lateral amiotrófica (ELA) associada a mutações no gene SOD1 (superóxido dismutase 1). Este medicamento é um oligonucleotídeo antissenso, uma classe de terapias genéticas que atua especificamente no RNA mensageiro (RNAm) para modular a expressão de proteínas. No caso do tofersen, ele se liga ao RNAm do SOD1 alterado, promovendo sua degradação e, consequentemente, reduzindo a produção da proteína SOD1 alterada tóxica.

A esclerose lateral amiotrófica associada ao SOD1 é uma forma genética rara da doença, responsável por cerca de 2% dos casos totais de ELA. As mutações no gene SOD1 resultam em uma proteína que pode formar agregados tóxicos, levando à morte dos neurônios motores. Ao reduzir os níveis dessa proteína alterada, o tofersen tem o potencial de retardar a progressão da doença.

Os ensaios clínicos para tofersen mostraram resultados promissores. Em estudos de fase 1 e 2, o tofersen demonstrou ser capaz de reduzir significativamente os níveis de proteína SOD1 no líquido cefalorraquidiano dos pacientes, sugerindo que o medicamento atinge seu alvo de forma eficaz. Além disso, os estudos indicaram que o tratamento com tofersen pode retardar a progressão da doença, embora a magnitude do benefício clínico ainda esteja sendo avaliada em estudos de fase 3 mais amplos e rigorosos.

Apesar dos resultados encorajadores, o desenvolvimento do tofersen enfrenta desafios. A administração do medicamento requer injeções intratecais, que podem ser desconfortáveis e apresentam riscos. Além disso, como acontece com todas as novas terapias, é necessário monitorar cuidadosamente os pacientes para detectar potenciais efeitos colaterais e garantir a segurança a longo prazo. No entanto, se os ensaios clínicos de fase 3 confirmarem a eficácia e a segurança do tofersen, ele poderá representar uma nova esperança para pacientes com ELA associada ao SOD1, oferecendo uma abordagem terapêutica direcionada para esta forma da doença.

Referência: https://www.fda.gov/drugs/news-events-human-drugs/fda-approves-treatment-amyotrophic-lateral-sclerosis-associated-mutation-sod1-gene